29 julho 2009

ESPEREI TEMPO DEMAIS


Eu esperei tempo demais para começar.
Esperei ficar madura para só me colher no ponto certo.
Esperei ter histórias melhores para contar
E estar com a casa arrumada, limpa e organizada.

No entanto sei que ainda estou verde de dar cica,
As histórias se acumularam de tal forma que muitas perdi pelo tempo. E a casa, bem... a casa está um brinco, mais ainda tenho gavetas e caixas para arrumar.

Eu esperei tempo demais.
Esperei ter a mesa perfeita, a cadeira correta, a cor de parede ideal.
O computador mais adequado, o teclado mais confortável.
Esperei o inverno chegar, depois a chuva cair, depois vir um dia par.

No entanto sei o quanto cada uma dessas desculpas encobriam
Meu tremendo medo de começar. De me expor. De me colocar na estrada e entender que na vida não há jornada que nos traga de volta.

Eu esperei.

Esperei o melhor tempo do relógio, esperei me separar para ter o tempo só para mim.
Esperei desmamar, a fase de menos demanda das meninas, depois a adaptação da escola.
Depois foi a espera pelo tempo livre que nunca vinha porque afinal eu tinha que cuidar de um lar. Supermercado, banco, compromissos urgentes, obrigações inadiáveis.

No entanto, escrever que era a maior urgência de todas, eu pude adiar. Protelar, prorrogar, fazer esperar a única coisa que tinha pressa. A única e simples coisa que podia me salvar de mim mesma.

Eu esperei tempo demais e agora...

Agora eu acabei de cair da arvorezinha da minha vida.
Madura? Não, verde.
Verde de esperança.

5 comentários:

  1. oi querida......... nossa........ que texto certeiro... duro, magoado mas, acima de tudo, esperançoso como tem que ser, vindo de quem veio.. voce... minha carioca preferida... bom sabê-la de volta ao lápis (ou teclado)...
    Sabe, como somos parecidas... so que voce tem grande chance de sair antes da magoa e marasmo que eu fiquei... nao terminamos nossa conversa, nao é?? soube que voce tem mais pra me falar... entao... aguardo... e te copio.... bjsss querida...
    assinado: galega de Joinvillle

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  2. Tati,
    Em Mauá, Visconde de Mauá, existe uma pousada que se chama "Verde que te quero ver-te". Não adie nunca mais a sua escrita, porque suas palavras amarelam se você não as rega com outras "letrinhas" que sobrepostas, ou na sequência, formam estradas, enlameadas ou não, mas que adubam a alma. Ave, palavra! diria G. Rosa.
    Bj
    Carlos Eduardo

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  3. Tati,

    Voce escreve com a caneta da alma e me emociona.

    Um dia uma amiga querida me disse, "nao se cobre tanto, se voce nao fez isso antes foi porque nao podia".

    Saudades,
    Rita de Cassia

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  4. Minha querida, com certeza seu tempo é agora, sempre é hora, e para exteriorizar emoções é preciso organizar lá dentro. É muito bom ler vc, me sinto tão próxima, mesmo distante.
    Bjs, Micka

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  5. Parei várias vezes enquanto lia procurando a melhor maneira de sentir para que nada escapasse. De uma delicada beleza. Parabéns!

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