as palavras me cutucam. elas querem sair.
estão presas dentro de mim e me pedem, a todo instante, que querem sair.
eu não obedeço. eu não posso escrever se não sei o que sinto. minhas palavras são bocas que me traduzem. são sons que me guiam. não posso escrever se o que há dentro de mim é escuridão e silêncio.
me fecho da rua, me tranco do jornal, fujo das notícias.
cuido das minhas crianças, cuido da casa e cuido principalmente em agradecer, o tempo inteiro, por tudo que tenho. essa palavra anda livre por aqui. hoje, antes de dormir, substitui as canções de ninar pelo jogo do obrigada. Clara e Catarina agradeceram por coisas que nunca imaginaram agradecer. e a cada descoberta, a cada pequeno obrigada delas, eu me emocionei. é preciso agradecer o instante.
as palavras me cutucam. tento dormir, mas elas não deixam.
sou obrigada a levantar e vir aqui, porque elas acham – sinceramente - que podem me ajudar. mas não sou eu quem precisa de ajuda, é o mundo. eu me sinto tão só e impotente. que palavra poderia traduzir tudo o que sinto quando penso na palavra haiti?
há muito tempo tomei a decisão de me alienar das notícias diárias de violência do mundo. depois de uma crise de pânico, cheguei a conclusão que mais valia minha sanidade do que estar a par de todos os acontecimentos locais e mundiais. quem pode dar conta de tanto caos, desigualdade, impunidade? quem consegue em sã consciência ouvir, assimilar e dissolver dentro de si, todos os níveis de crueldade que o ser humano está sendo capaz de chegar?
mas o haiti... o haiti me faz pensar demais em Deus. como é que um povo que já era a retrato em preto e branco da desgraça humana tem que passar por isso? que leis são essas que massacram tão profundamente um povo? a violência todo mundo sabe que é o resultado da nossa impotência e ignorância em governar, dividir e amar. mas e uma desgraça natural como essa? que explicação Deus pode nos dar?
eu não sou beata, mas tenho uma relação muito próxima com Deus. e mesmo na sutileza espiritual da minha crença, eu não tenho conseguido ouvir a voz Dele me explicando nada. pelo menos nada que me acalme o coração. a única coisa que tem me servido de alento, é ver a impressionate mobilização do mundo em doações e a emocionante jornada de milhões de médicos e voluntários em prol de uma única causa: a de levar ajuda e amor a quem perdeu tudo. se eu pudesse, juro por mim, estaria entre eles.
se as palavras me cutucam essa noite, que eu possa ao menos vibrar a única que conheço que me move e que pode mover o universo nesse instante desesperado: esperança.
estão presas dentro de mim e me pedem, a todo instante, que querem sair.
eu não obedeço. eu não posso escrever se não sei o que sinto. minhas palavras são bocas que me traduzem. são sons que me guiam. não posso escrever se o que há dentro de mim é escuridão e silêncio.
me fecho da rua, me tranco do jornal, fujo das notícias.
cuido das minhas crianças, cuido da casa e cuido principalmente em agradecer, o tempo inteiro, por tudo que tenho. essa palavra anda livre por aqui. hoje, antes de dormir, substitui as canções de ninar pelo jogo do obrigada. Clara e Catarina agradeceram por coisas que nunca imaginaram agradecer. e a cada descoberta, a cada pequeno obrigada delas, eu me emocionei. é preciso agradecer o instante.
as palavras me cutucam. tento dormir, mas elas não deixam.
sou obrigada a levantar e vir aqui, porque elas acham – sinceramente - que podem me ajudar. mas não sou eu quem precisa de ajuda, é o mundo. eu me sinto tão só e impotente. que palavra poderia traduzir tudo o que sinto quando penso na palavra haiti?
há muito tempo tomei a decisão de me alienar das notícias diárias de violência do mundo. depois de uma crise de pânico, cheguei a conclusão que mais valia minha sanidade do que estar a par de todos os acontecimentos locais e mundiais. quem pode dar conta de tanto caos, desigualdade, impunidade? quem consegue em sã consciência ouvir, assimilar e dissolver dentro de si, todos os níveis de crueldade que o ser humano está sendo capaz de chegar?
mas o haiti... o haiti me faz pensar demais em Deus. como é que um povo que já era a retrato em preto e branco da desgraça humana tem que passar por isso? que leis são essas que massacram tão profundamente um povo? a violência todo mundo sabe que é o resultado da nossa impotência e ignorância em governar, dividir e amar. mas e uma desgraça natural como essa? que explicação Deus pode nos dar?
eu não sou beata, mas tenho uma relação muito próxima com Deus. e mesmo na sutileza espiritual da minha crença, eu não tenho conseguido ouvir a voz Dele me explicando nada. pelo menos nada que me acalme o coração. a única coisa que tem me servido de alento, é ver a impressionate mobilização do mundo em doações e a emocionante jornada de milhões de médicos e voluntários em prol de uma única causa: a de levar ajuda e amor a quem perdeu tudo. se eu pudesse, juro por mim, estaria entre eles.
se as palavras me cutucam essa noite, que eu possa ao menos vibrar a única que conheço que me move e que pode mover o universo nesse instante desesperado: esperança.
fecho os olhos e mando através do meu coração a esperança de superação, compreensão e aceitação do absurdo que é a vida. e essas estranhas e inconcebíveis leis de Deus.
Uma, apenas uma palavra já é muito bom para este povo sofrido: solidariedade. Palavra que encontro aqui em todas suas palavras.
ResponderExcluirbjs, lindo post
Eduardo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito lindo menina linda!
ResponderExcluirBeijocas,
Iane