Minha pequena acordou triste hoje.
Tomou café e ficou quietinha num canto da casa, sem sorrir, sem fazer bagunça, com o olhar perdido em algum lugar. Perguntei uma, duas, outras tantas vezes o que tinha acontecido para ela ficar tão triste. Ela não sabia responder.
Desmarquei todos os meus compromissos. Disse para ela:
Hoje você vai passar o dia comigo, mocinha.
Ela levantou os olhinhos e sorriu. Um sorrisinho mixuruca, mas sorriu.
Fomos ao cinema, comprei pipoca gigante, balinha, chocolate. Depois saímos de lá e ela se queixou de dor na barriga. A levei de cavalinho pelo shopping até uma sorveteria. Como eu imaginava - ela estava com dor - mas não tanta dor a ponto de negar um sundae.
Mamãe, quero ir para casa.
Fomos. Chegando ela se deitou na cama e continuou quieta. Comecei a ficar realmente preocupada. Tirei do coração uma última cartada para tentar alegrá-la.
Já sei filha, vamos desenhar...
Peguei um monte de papel, lápis de cor, pilot, meu super bloco de papel canson, e sim... meu adorável estojo de giz de cera pastel que ela adora. Sentamos juntas e começamos a desenhar. Em silêncio. Eu tinha certeza de que alguma coisa ia acontecer ali. Ou ela ia se abrir comigo ou os próprios desenhos iam me dizer alguma coisa sobre o que estava acontecendo.
Devagarinho, ela foi puxando papo. Gostava mais de falar mal dos meus desenhos do que de prestar atenção nos dela. Começou a rir das coisas horrendas que eu desenhava. Até que disse baixinho: Mami, desenha um arco-íris vai... é o que você faz de melhor...
Obedeci imediatamente. Peguei as cores no giz pastel, separei uma folha em branco e reparei que ela fez o mesmo. Então juntas começamos a desenhar, cada uma, o seu arco-íris. Óbvio que eu não aguentei e comecei a cantarolar somewhere over the rainbow... e ela comigo... até que me deu uma coisa e eu disse: Quer saber? Vamos fazer esse arco-íris nas nossas paredes filha! Você no seu quarto e eu no meu.
Foi então que a mágica aconteceu.
Coloquei para tocar bem alto a música para que as duas ouvissem, cada uma em seu espaço. Ela lá projetava fervorosamente suas cores. E eu, cá no meu canto, pintava o meu arco-íris assistindo emocionada o que acontecia com ela. Minha pequena foi se transformando em luz em cada cor que pintava na parede. Do roxo para o vermelho, uma risadinha. Do vermelho para o laranja um grito: como é que tá indo aí? Do laranja para o amarelo ela veio correndo e me deu um beijo. O seu tá tá lindo, mãe! Do amarelo para o verde... uma gargalhada... a gente tá ficando toda colorida filha... do verde para o azul, ouvi ela assobiar no quarto. Cheguei devagarinho e a vi, parada em frente à sua majestosa obra de arte, de olhos brilhantes e a alminha lavada.
Foi quando ela me viu na porta, correu pra me abraçar e disse:
Mãezinha, põe a música de novo... vamos dançar?
Tomou café e ficou quietinha num canto da casa, sem sorrir, sem fazer bagunça, com o olhar perdido em algum lugar. Perguntei uma, duas, outras tantas vezes o que tinha acontecido para ela ficar tão triste. Ela não sabia responder.
Desmarquei todos os meus compromissos. Disse para ela:
Hoje você vai passar o dia comigo, mocinha.
Ela levantou os olhinhos e sorriu. Um sorrisinho mixuruca, mas sorriu.
Fomos ao cinema, comprei pipoca gigante, balinha, chocolate. Depois saímos de lá e ela se queixou de dor na barriga. A levei de cavalinho pelo shopping até uma sorveteria. Como eu imaginava - ela estava com dor - mas não tanta dor a ponto de negar um sundae.
Mamãe, quero ir para casa.
Fomos. Chegando ela se deitou na cama e continuou quieta. Comecei a ficar realmente preocupada. Tirei do coração uma última cartada para tentar alegrá-la.
Já sei filha, vamos desenhar...
Peguei um monte de papel, lápis de cor, pilot, meu super bloco de papel canson, e sim... meu adorável estojo de giz de cera pastel que ela adora. Sentamos juntas e começamos a desenhar. Em silêncio. Eu tinha certeza de que alguma coisa ia acontecer ali. Ou ela ia se abrir comigo ou os próprios desenhos iam me dizer alguma coisa sobre o que estava acontecendo.
Devagarinho, ela foi puxando papo. Gostava mais de falar mal dos meus desenhos do que de prestar atenção nos dela. Começou a rir das coisas horrendas que eu desenhava. Até que disse baixinho: Mami, desenha um arco-íris vai... é o que você faz de melhor...
Obedeci imediatamente. Peguei as cores no giz pastel, separei uma folha em branco e reparei que ela fez o mesmo. Então juntas começamos a desenhar, cada uma, o seu arco-íris. Óbvio que eu não aguentei e comecei a cantarolar somewhere over the rainbow... e ela comigo... até que me deu uma coisa e eu disse: Quer saber? Vamos fazer esse arco-íris nas nossas paredes filha! Você no seu quarto e eu no meu.
Foi então que a mágica aconteceu.
Coloquei para tocar bem alto a música para que as duas ouvissem, cada uma em seu espaço. Ela lá projetava fervorosamente suas cores. E eu, cá no meu canto, pintava o meu arco-íris assistindo emocionada o que acontecia com ela. Minha pequena foi se transformando em luz em cada cor que pintava na parede. Do roxo para o vermelho, uma risadinha. Do vermelho para o laranja um grito: como é que tá indo aí? Do laranja para o amarelo ela veio correndo e me deu um beijo. O seu tá tá lindo, mãe! Do amarelo para o verde... uma gargalhada... a gente tá ficando toda colorida filha... do verde para o azul, ouvi ela assobiar no quarto. Cheguei devagarinho e a vi, parada em frente à sua majestosa obra de arte, de olhos brilhantes e a alminha lavada.
Foi quando ela me viu na porta, correu pra me abraçar e disse:
Mãezinha, põe a música de novo... vamos dançar?