Sempre me senti uma moradora itinerante. Uma cigana nômade cosmopolita.
Mudei dez vezes em oito anos, incluido três estados distintos, desde que saí da casa da minha mãe. E agora, acreditem, vou me mudar de novo.
Toda mudança é uma nova chance de transformação. Principalmente se a gente tem coragem de enfrentar o processo. Mas dessa vez estou com vontade de fazer diferente. Não sei. Ir mais fundo. Tentar mais do que uma mudança de endereço. Ir além de uma alteração física-espacial.
Quem sabe tentar a cura dessa minha eterna sensação de não-pertencimento.
Muitos astrólogos já me disseram que isso não é cisma minha. Que essa sensação está lá, na geometria esquisita dos meus astros. Uma sensação de inadequação somada à de não-pertencimento. Sinceramente, essa quadratura me faz sentir um ET. Deve ser por isso que não me sinto em casa em lugar nenhum. Porque eu simplesmente não sou daqui.
Há quantos anos eu tento preencher esse vazio que me abate. Há quantos apartamentos e CEPs que venho tentando me encontrar? Só agora consigo entender porque me mudo tanto: porque no fundo quero desesperadamente achar o meu lugar.
Talvez o problema não esteja fora. Esteja dentro.
É dentro de mim que a mudança precisa acontecer diferente. Na forma de encaixotar minha história. De me desfazer do que não cabe mais. Aprender a reciclar a vida sob a reveladora perspectiva do que tem e o que não tem sentido. Aprender o que me pesa tanto na mala. Organizar minha bagagem de modo a estar atenta ao que fica por fazer parte de uma nostalgia saudável e o que me faz ficar presa a um passado dolorido, como um carrapato viciadão em naftalina.
O que cabe e o que não cabe mais nessa nova eu? Isso é uma pergunta deliciosa!
Sei bem onde habita minha alma, não vai ser tão difícil assim fazer a conexão de onde pode e deve habitar minha existência.
Que essa nova mudança me traga muito mais do que um novo nome na conta da luz. Que ela represente a instalação de uma Light inteira no meu coração.
P.S. A linda frase do título é do Ursinho Pooh, lembrada por Clara e Catarina quando comecei a encaixotar os brinquedos.
ah que linda!
ResponderExcluiré isso.
morrer e nascer para se permitir ser.
e encontrar
a primeira peça que eu fiz, minha personagem falava "o meu reino está dentro de mim..ele vai onde eu for"
acho que é isso.
acho não.
é isso.
beijos amiga.
Tati querida,
ResponderExcluirque lindo o que você escreveu,o que sente, a troca e vivência com as meninas tão ricas.eu tenho certeza que desta vez , nesta mudança e nesse novo endereço você vai ser o sol do seu mapa. ah, e acho a data de seu nascimento "the best" CEP ! te abraço apertado por aqui também.
Vou me valer da metáfora do PARTO mais uma vez. Parto é nascimento e partida. Você parte de um endereço para outro, mas que essa partida seja o nascimento de uma vida nova. Ah, e quem bem perto do novo endereço, encontre uma boa padaria!
ResponderExcluirBeijo grande.
Minha amada, o seu mel está em todos os lugares!!!! E pelo que te conheço cada mudancinha sua mudou um montão aí dentro, dentro é reflexo de fora e vice-versa. Quero poder conhecer a sua nova casa logo.
ResponderExcluirMuitos beijos
Micka
Tati! Tantos comentários me deram vontade de entrar na conversa, rsrs.
ResponderExcluirVc sabe o que é piruá?? Descobri com Rubem Alves. Piruá é o milho que se recusa a estourar. Mesmo em altíssimas temperaturas, quando tudo em volta não deixa outra opção senão desabrochar em linda flor branca ("deliciosa para comer com salzinho"), aquele milho, apegado a sua velha forma, fica preso na dura casca...não rompe seus próprios limites e acaba queimado, sozinho no fundo da panela.
Acho que o fogo já foi aceso e veja, vc já começa a dançar. Pronta pra virar pipoca!
Tati, seu destino nunca será piruá. Vai ver seu desconforto no mundo seja porque sua vida é a da pipoca feliz, aquela que explode de felicidade na aventura do tranformar-se, mas que quando vai prum saquinho com cep, quer pular novamente pra outra panela, o mais rápido possível!
Bjos bjos,
gleice.
Lindo, Lindo Tatiana!
ResponderExcluir"É dentro de mim que a mudança precisa acontecer diferente. Na forma de encaixotar minha história"
Que bela metáfora! Continue assim guria! :)
Bjs do arquiteto (de emoções hehehehe)